Pandemia
Igreja altera regras nas missas para prevenir contágio da gripe
por RITA CARVALHO
Já houve 107 casos de gripe A em Portugal, mas 105 já tiveram alta. Para prevenir a disseminação do vírus H1N1, a Igreja Católica já instituiu medidas de higiene e desinfecção que deverão começar a ser aplicadas em todo o País nas próximas duas semanas. Por essa altura vão começar a chegar às paróquias e a ser distribuídos milhares de folhetos informativos
Na paróquia do Campo Grande, em Lisboa, antes de distribuírem a hóstia aos fiéis, os padres e os ministros da comunhão desinfectam as mãos. Aos crentes é-lhes pedido que a recebam na mão e não na boca. No abraço da paz, altura da missa em que os católicos se cumprimentam, evitam-se beijos e evita-se a proximidade. As medidas em vigor desde domingo destinam-se a impedir a propagação da gripe A e serão alargadas a todas as paróquias nas próximas duas semanas.
Vítor Feytor Pinto, pároco do Campo Grande e coordenador da Pastoral Nacional da Saúde, contou ao DN que estas medidas foram já debatidas e acordadas com o Ministério da Saúde em várias reuniões. E na terça-feira receberam a aprovação da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), órgão máximo da Igreja Católica.
Dentro de 15 dias, começarão a chegar às paróquias milhares de panfletos com regras sobre os comportamentos de prevenção a adoptar pela população, tanto na rotina normal como nas suas deslocações à igreja.
"A igreja é um veículo de informação à população, dada a sua proximidade com as pessoas. Por isso, vamos colaborar na informação", avançou ao DN. No final das missas, os padres falarão sobre os comportamentos de prevenção a seguir, como lavar as mãos com frequência, espirrar e tossir para um lenço de papel e procurar apoio médico se houver sintomas gripais.
"Os padres transmitirão uma mensagem de educação para a saúde. É essa a missão da pastoral da saúde", adianta Feytor Pinto. Caso se sintam doentes, os fiéis serão aconselhados a não ir à igreja, para evitar o contágio.
Na paróquia do Campo Grande, os procedimentos de prevenção estão em vigor há cinco dias. Foi necessário ensinar os crentes a comungar na mão, e explicar aos ministros da comunhão as novas regras de limpeza e a necessidade de evitar o contacto directo com as pessoas. As recomendações nas restantes paróquias começarão a ser aplicadas no final do mês.
Estas medidas de contenção do contágio poderão vir a ser reequacionadas no futuro, de acordo com a evolução da doença em Portugal. E caso venham a ser evitadas grandes concentrações de pessoas, como tem acontecido um pouco por todo o mundo, a Igreja admite medidas mais radicais como a suspensão das missas. "Se não houver jogos de futebol, nem grandes concentrações ou as escolas forem obrigadas a fechar também não haverá missas", diz Feytor Pinto, explicando que na igreja serão aplicadas medidas ajustadas às recomendações gerais das autoridades nacionais.
D. Jorge Ortiga, presidente da CEP, já disse que, nessa situação, os católicos podem assistir à celebração dominical através da televisão. Além disso, lembra Feytor Pinto, a gripe não leva a isolamentos muito longos. Por isso, se as pessoas tiverem de faltar à missa, será sempre uma ou duas semanas. Contudo, para o responsável da pastoral, o importante é ir ajustando os procedimentos à medida que a situação da gripe no País for evoluindo
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