26 setembro 2009

Luso-descendente no top ten da revista "Fortune"


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Luso-descendente no top ten da revista "Fortune"
Maria é uma das dez mulheres mais poderosas do mundo
por Kátia Catulo, Publicado em 25 de Setembro de 2009

A popularidade da portuguesa subiu em flecha após salvar 75 mil postos de trabalho
Maria Ramos. Para uma boa parte dos portugueses é mais uma Maria que emigrou com os pais para África do Sul, na década de 60. Mas para a revista americana "Fortune" ela é mais poderosa do que a rainha de Inglaterra, mais importante do que a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e mais popular do que a apresentadora da televisão Oprah Winfrey. Maria Ramos é directora executiva do grupo bancário sul-africano ABSA e ocupa o nono lugar entre as 50 mulheres mais influentes do mundo.

Pode até ser uma surpresa para muitos portugueses, mas não é motivo de espanto para a maioria dos sul-africanos, habituados a ver a economista luso-descendente na lista da publicação americana desde 2005, tendo ocupado, no ano passado, o 28º lugar. Maria Ramos é uma espécie de pop star do mundo financeiro que aparece na imprensa por tudo e por nada: quando se casou em 2006 com o antigo ministro das Finanças foi notícia; tal como quando teve um acidente de carro, ou quando esteve internada por causa de enxaquecas prolongadas.

É notícia desde 1994, quando ocupou o cargo de directora-geral do Tesouro no primeiro governo de Nelson Mandela. E continuou a encher páginas de jornais quando, em 2004, passou a liderar a empresa pública Transnet. Salvar a companhia de portos e caminhos de ferro da ruína foi o seu primeiro grande desafio. Todos acreditaram que seria mulher para isso. Menos ela. "Estamos em sérias dificuldades se o futuro desta empresa depende de mim", desabafou a empresária durante a cerimónia de tomada de posse. Não podia estar mais errada.

A mulher dos milhões Sob a sua liderança, a Transnet transformou - com recurso a um plano de reestruturação e separação do grupo em várias empresas autónomas e investimentos em áreas críticas um passivo de 6,3 mil milhões de randes (572 milhões de euros) em 2004 num lucro operacional de 4,3 mil milhões de randes (390 milhões de euros) em 2008.

A proeza foi reconhecida por todos. Patrões, sindicatos e todos os sectores da economia sul-africana renderam-se ao talento da empresária que conseguiu salvar 75 mil postos de trabalho. E desde aí a sua popularidade subiu em flecha. Em 2005, um inquérito nacional colocou Maria Ramos como a mulher mais influente do país, depois do ex-presidente Mlambo-Ngcuka; meses mais tarde foi considerada "Líder do Ano" pelo jornal inglês "Sunday Times" e, este ano, ganhou em Londres o galardão "Outstanding Business Woman of The Year" (Proeminente Empresária do Ano).

Desde Março está à frente do grupo bancário ABSA (Amalgamated Banks of Southern Africa), que emprega 34 mil funcionários, tem 8,1 milhões de clientes, 720 balcões espalhados por todo o continente africano e passivos avaliados em 466 mil milhões de randes.

O ABSA é um dos maiores grupos bancários sul-africanos, detido maioritariamente pelos ingleses do Barclays. Os mesmos ingleses e o mesmo banco que são, em parte, responsáveis por Maria Ramos ter triunfado num território que ainda pertence aos homens.

Enquanto estudava na Universidade de Londres, Maria ouviu falar de uma bolsa de estudos oferecida pelo Barclays só para os alunos. Estranhou que as alunas não tivessem também direito ao prémio atribuído pelo banco em que trabalhou como funcionária para pagar os custos da sua educação. Candidatou-se e, em 1983, ganhou a bolsa Barclays Bank Graduate Scholarship, que a permitiu avançar nos estudos sem olhar a despesas.

Foi o primeiro passo para a sua carreira. Maria Ramos trabalhou na área financeira da banca privada, fez parte da equipa do Congresso Nacional Africano (ANC) durante a transição para democracia, ocupou vários cargos no Ministério das Finanças e em empresas públicas sul-africanas.

Resta saber qual vai ser o próximo lugar que a luso-descendente quer ocupar no futuro. Basta querer. Maria está entre as dez mulheres mais influentes do mundo, segundo o ranking da revista "Fortune".


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