Como Maria nos conduz à Eucarístia
Reproduzo, na íntegra, um "post" do Sr. Pe. Manuel Amorim, a quem dou o meu agradecimento, no Grupo do Facebook do Secretariado de Liturgia do Porto, pela relevância que o texto tem.:
"Como Maria nos conduz à Eucaristia
Como dizia o bem-aventurado João Paulo II, em Maria poderemos encontrar a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia. Por meio dela somos levados a contemplar de forma única o rosto de Cristo. Por ela também somos conduzidos à Eucaristia.
Maria, presente na primeira comunidade que esperou o Pentecostes, certamente não deixaria de estar no meio dos fiéis da primeira geração cristã, “assíduos à fracção do pão”. E, para além da participação na Eucaristia, nela permanece, sem dúvida, uma profunda atitude interior: mulher eucarística, na totalidade da sua vida e modelo da Igreja a ser imitado, na sua relação com a Eucaristia.
Com efeito, a Eucaristia é Mistério da Fé. Ultrapassa toda a nossa compreensão e, por isso, pede-nos um total abandono à Palavra de Deus. Ora, ninguém como Maria nos pode servir de modelo e guia, em tal atitude. Dando cumprimento ao mandato de Jesus, “fazei isto em memória de Mim”, não ignoramos a indicação de Maria, “fazei tudo o que Ele vos disser”. «Com a solicitude materna, expressa nas bodas de Caná, parece que nos diz: Não hesiteis, confiai nas palavras do meu Filho. Se Ele pôde mudar a água em vinho, também é capaz de fazer, do pão e do vinho, o seu corpo e sangue, entregando aos que crêem neste mistério, o memorial vivo da sua Páscoa, tornando-se pão da vida».
De certo modo, Maria viveu a sua fé eucarística, antes da Eucaristia ser instituída, ao oferecer o seu seio virginal à Incarnação do Verbo de Deus. Na anunciação, concebeu o Filho divino na realidade física do corpo e do sangue, antecipando em si o que se realiza sacramentalmente em cada crente que recebe, no sinal do pão e do vinho, o corpo e o sangue do Senhor.
Existe, pois, uma analogia entre o Fiat (faça-se) de Maria e o Ámen de cada fiel que recebe o corpo do Senhor. A Maria, foi pedido que acreditasse que Aquele que ela concebia, por obra do Espírito Santo, era o Filho de Deus. A nós, imitando a fé da Virgem, é-nos pedido, no mistério eucarístico, que acreditemos que o mesmo Jesus, Filho de Deus e de Maria, se torna presente, em todo o seu ser humano e divino, nos sinais do pão e do vinho.
Na visitação, levando em seu seio o Verbo incarnado, ainda invisível aos olhos dos homens, é como que o sacrário, o primeiro da história, do Filho de Deus, para adoração de Isabel, extasiada pelos olhos e pela voz de Maria. E Maria se deslumbra ao contemplar o rosto de Cristo recém-nascido e acolhendo-o nos seus braços. Não é isto, porventura, o modelo inatingível que deve inspirar as nossas comunhões eucarísticas?
Maria viveu a dimensão sacrificial da Eucaristia, na apresentação do Senhor, ouvindo do velho Simeão que aquele menino seria sinal de contradição e que uma espada lhe trespassaria a alma, prenunciando o drama do Calvário. Aí vive uma espécie de «Eucaristia antecipada», uma comunhão espiritual de desejo e oferenda que se cumpre na união com o Filho na sua Paixão e depois na participação da Eucaristia, memorial da Paixão, presidida pelos Apóstolos.
Como imaginar os sentimentos profundos de Maria, ao ouvir dos lábios de Pedro, Tiago, João e dos outros apóstolos, as palavras «isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós». Aquele corpo, entregue em sacrifício e presente nas espécies sacramentais, era o mesmo corpo concebido no seu ventre! Para Maria, receber a Eucaristia, deveria significar como que um de novo acolher no seu seio aquele coração que batera, em uníssono, com o seu e reviver, pessoalmente, o que tinha experimentado, junto à cruz.
Viver o memorial da Eucaristia implica o compromisso de nos conformar com Cristo, de entrar na escola da Mãe e aceitar a sua companhia. (Cfr. João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, 17 Abril 2003, nº 53-58)"
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